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    Ilha de Marajó – Pará

    Estive em Belém a trabalho em 2014 e voltei de férias em setembro de 2022 acompanhada de duas amigas, uma síria e outra alemã, ambas moradoras de Brasília e excelentes companhias. O destino foi escolhido por elas e eu acatei sem hesitar, pois dessa vez iria conhecer a Ilha de Marajó. Alguns amigos já haviam relatado maravilhas sobre o lugar, outros disseram não ter gostado. Já nossa experiência foi ótima! Recomendo.

    Chegamos em Belém numa quarta-feira à tarde e já sentimos o calor e a umidade que nos acompanharia pelos próximos dez dias.

    Saindo do aeroporto, pegamos um transporte por aplicativo até o Terminal Hidroviário de Belém Luiz Rebelo Neto, pertinho da Estação das Docas, onde compramos as passagens para a Ilha de Marajó para a manhã do dia seguinte, pois a procura é grande e o barco sai sempre cheio.

    Passamos a primeira noite no hotel Grão Pará e fomos para Soure, na Ilha de Marajó, na manhã do dia seguinte. Na volta, passamos mais uns dias em Belém, no mesmo hotel. Apesar do ar-condicionado antigo e barulhento, valeu a pena, pois era bem localizado.

    Levantamos cedo, tomamos café, fizemos check-out e pegamos um táxi até o Terminal Hidroviário de Belém, perto dali.

    O terminal de passageiros funciona no armazém 9 do Porto de Belém, que foi fundado em 1909, à margem direita da baía de Guajará, a aproximadamente 120 km do oceano Atlântico. O terminal passou por uma grande reforma em 2013 para dar mais conforto e comodidade aos cerca de 500 mil passageiros que passam por ali todos os anos.

    Terminal Hidroviário de Belém Luiz Rebelo Neto
    Conforto e comodidade para os passageiros

    Embarcando para Soure
    Embarcação Campeão 5 – reserva da Expresso Golfinho

    De Belém a Soure foram 2h20, partimos pouco depois das 8h15 da manhã. Próximo da chegada, há uma parada rápida para desembarque em Salvaterra, outra cidade da Ilha de Marajó. Mais cinco minutos de navegação e chegamos em Soure.

    A Ilha de Marajó

    Antes de falar de Soure, vamos falar da Ilha de Marajó, um arquipélago com mais de 2.500 ilhas e ilhotas. Chamada pelos índios de Marinatambal e de Ilha Grande de Joannes na época da colonização.

    Entre os anos de 400 e 1300, a Ilha era ocupada por cerca de 40 mil habitantes, que residiam em casas de chão batido sobre palafitas, em uma sociedade matriarcal. Desde a infância, as marajoaras desenvolviam a arte de modelagem da argila, a produção da cerâmica marajoara e o cultivo e manejo da mandioca. No início da adolescência, as marajoaras tinham seus os corpos pintados e usavam uma tanga de cerâmica decorada com traços referentes aos genitais.

    A Ilha de Marajó tem uma área de 40.100 km². É a maior ilha costeira do Brasil (quase do tamanho dos estados de Sergipe e Alagoas juntos) e a maior ilha fluviomarítima do planeta, ou seja, é banhada ao mesmo tempo por águas fluviais e por águas oceânicas. À oeste e noroeste é banhada pelo rio Amazonas; pelo oceano Atlântico ao norte e nordeste; e pelo rio Pará a leste, sudeste e sul. O território do arquipélago tem mais de 100 mil m², divididos em 16 municípios. Os mais procurados pelos turistas são Soure e Salvaterra, onde a principal atração são as praias fluviais com extensas faixas de areia, formadas quando a maré está baixa.

    Marajó vem da língua tupi e a versão mais aceita pelos estudiosos é de que os índios denominavam a ilha de “Mibaraió”, que significa “anteparo do mar” ou “tapamar”.

    É o local que concentra o maior rebanho de búfalos do país, cerca de 600 mil cabeças, das raças Murrah, Carabao, Jafarabady e Mediterrâneo, além dos mestiços. Como eles chegaram ali? Reza a lenda que eles chegaram pela primeira vez a Marajó na última década do século XIX, depois que um navio que os transportava da Indochina (região do Vietnã, Laos e Camboja) à Guiana Francesa naufragou perto da costa. Exímios nadadores, chegaram à Ilha sãos e salvos e se adaptaram muito bem à região, fornecendo leite, queijo, carne, couro e transporte a seus criadores, para deleite também dos turistas.

    Animais utilizados também como transporte
    Maior rebanho de búfalos do país

    Soure – PA

    A cidade de Soure está a 80 km de Belém, tem cerca de 25 mil habitantes e foi fundada em 20 de janeiro de 1847 por Francisco Xavier de Mendonça Furtado. O nome é oriundo de uma cidade portuguesa do distrito de Coimbra. Nos primórdios, era uma aldeia dos índios Muruanazes, habitada depois por alguns missionários, na época colonial do Brail. Ao Norte, o município encontra o oceano Atlântico, o Rio Amazonas e o município de Chaves. Ao Sul, o município de Salvaterra, na Baía do Marajó. E a Leste, o município de Cachoeira do Arari. Politicamente, Soure é dividido em dois distritos: Soure (sede) e Pesqueiro. O município dispõe de uma importante área de preservação inserida na Reserva Extrativista Marinha de Soure. O clima da região é o tropical de monção, ou seja, quente e úmido, com chuvas abundantes entre janeiro e maio. Então, setembro foi uma ótima escolha. Chegou a chover à noite, apenas o suficente para refrescar um pouco o dia.

    Há três opções de transporte para chegar a Soure e desfrutar de suas belezas, todas via fluvial: lancha rápida, navio e balsa. As lanchas e navios partem do Terminal Hidroviário de Belém. Já as balsas saem do porto de Icoaraci, na região metropolitana de Belém, e é a única opção para quem vai atravessar com o carro. Dependendo da opção de transporte, a travessia leva de 2 a 3 horas.

    Optamos pela lancha rápida da única empresa sobre a qual encontramos informações: a Expresso Golfinho, da empresa Master Motors, que não faz venda pela internet. A passagem de ida custou R$56,10 até a cidade de Soure. A travessia é feita em embarcações tipo lancha rápida, seguras e confortáveis, com ar-condicionado e poltronas como as de ônibus. Na ocasião, a lancha estava em manutenção e foi substituída pela embarcação reserva Campeão 5, que é menor, mas confortável também.  A travessia leva cerca de 2h15. E se você costuma enjoar, melhor tomar um remedinho, pois, dependendo das condições meteorológicas, balança um bocado. O ar-condicionado é turbinado, um casaquinho vai bem.

    Orla de Soure
    A pacata Soure
    Orla de Soure
    Coreto da praça de Soure

    A cidade é simples, com as ruas principais asfaltadas e poucas opções de hospedagem e de restaurante. Os habitantes são atenciosos e bem religiosos, pudemos observar os preparativos para a maior festa da região, o Círio de Nazaré, que é realizado todo mês de outubro. O principal meio de transporte local é a moto, pilotada por jovens, mulheres e idosos, todos sem capacete. A bicicleta também é um meio de locomoção bastante utilizado. A Pousada O Canto do Francês, onde nos hospedamos, aluga bikes para os hóspedes. Além das praias, não há muito o que fazer em Soure. Mas, aos sábados, é possível assistir uma apresentação de Carimbó, dança de roda típica do Pará,  realizada em pares e marcada por movimentos giratórios. Depois, a pista de dança é aberta ao público, convidado a experimentar os passos do carimbó pelos dançarinos.

    Chegando em Soure você vai se deparar com uma enorme oferta de mototáxis, táxis e guias turísticos nem sempre muito educados, pois estão ávidos por levá-los para conhecer as belezas da ilha. Nossa amiga síria não nega a raça e vai logo negociando preço e passeios. Contratamos um guia para nos acompanhar durante os quatro dias que passamos ali. David tem um Doblô e foi logo falando das maravilhas da região e dos passeios que faria conosco. Vez ou outra ele incluía outros turistas nos carro, o que não foi problema. Contato do David: 91-98099-5090.

    Bem-vindo a Soure
    Porto de Soure – Expresso Golfinho
    Desembarcando em Soure – embarcação Campeão 5
    Boas-vindas

    Fomos direto para a Pousada O Canto do Francês. Simples, agradável e a pouca distância das principais atrações da cidade: mercado municipal, igreja, parque de diversões e trailers de comida na orla.

    Pousada O Canto do Francês
    Pousada O Canto do Francês
    Pousada O Canto do Francês
    Pousada O Canto do Francês

    Uma hora depois do check-in já estávamos com o David, que tratou de reservar nossa passagem (R$64,00) de volta para Belém na lancha rápida que sairia de Salvaterra às 13h15, na segunda-feira, na agência Edgar. Da pousada, passamos no Supermercado Leal (grande e variado) para comprar água e cerveja gelada e fomos para a Praia de Barra Velha: mangue seco, almoço, praia de areia fina e branca e rio de água morna, quase quente. Uma delícia de lugar.

    Praia de Barra Velha

    A Praia da Barra Velha é a mais próxima do centro de Soure, cerca de 4 km. Tem boa infraestrutura, com guarda-sol, mesas e cadeiras; resturantes com banheiro e wi-fi.

    Passamos a tarde numa barraca onde fomos muito bem atendidas e comemos um peixinho bem gostoso. Ao entrarmos na água do rio preferimos ficar na área rasa, onde era possível avistar bem o fundo, por causa das arraias, que são comuns na região.

    No último dia, voltamos a essa praia para ver como ficava com a maré cheia. É surpreendente a transformação. Continue lendo e vai se entender o que estou falando.

    • Entrada da Praia de Barra Velha - Soure - PA

    Na volta, visitamos o Ateliê Arte Mangue Marajó, que fica a poucos metros da entrada para a praia de Barra Velha. Ronaldo Guedes produz, com sua equipe, peças de cerâmica marajoara belíssimas, além de outros artesanatos.

    Ateliê Arte Mangue Marajó
    Cerâmica Marajoara
    Ronaldo Guedes
    e sua equipe

    De lá, ainda deu tempo de passar na Sorveteria Q’Sorvete Marajó, onde experimentamos alguns sabores de frutas da região. Os sorvetes são feitos com queijo, leite de búfala e polpa de fruta natural. Vale a pena experimentar. Alguns picolés, como os de açaí, não contêm leite.

    Já na pousada, tomamos um banho, descansamos um pouco e saímos mais tarde para jantar no restaurante Ilha Bela (onde também há uma pousada), em frente à orla de Soure. Ótimo custo-benefício. O melhor bife de búfalo com queijo que experimentaram na cidade, segundo minhas amigas. Eu não comi.

    Fazenda São Jerônimo

    No segundo dia em Soure, partimos para a Fazenda São Jerônimo, a uns 7 km da cidade, onde fizemos trilhas a pé pelo mangue seco, passeio de barco, atravessamos o rio montadas em búfalos e cavalgamos. Todo o passeio é acompanhado por um guia local, muito educado e preparado para proporcionar ao visitante uma ótima experiência, que dura cerca de 3 horas. O horário de início do passeio é definido conforme a tábua da maré. Crianças, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção também podem fazer o passeio, que é leve, mas exige atenção.

    Começamos a trilha com uma caminhada pela mata, onde o guia foi apresentando as espécies nativas da flora e da fauna que encontramos pelo caminho: palmeiras, tucumã, andiroba, açaizeiro, caimbé, outras; crustáceos, besouros, larvas, pássaros. A área de mangue é percorrida sobre trihas de madeira na maré baixa e podem ser observadas também entre os igarapés e nas margens dos rios. As árvores dos manguezais da região, chamadas de mangueiros pelos nativos, podem chegar a 40 metros de altura.

    Fazenda São Jerônimo
    Fazenda São Jerônimo

    Depois da caminhada, chegamos ao igarapé onde navegamos pelo rio até à praia de Goiabal, onde os búfalos nos aguardavam para atravessarmos montados neles até a outra margem do rio. Apesar de grandes e pesados, eles são excelentes nadadores e podem mergulhar muitos metros para comer a vegetação que se encontra no fundo dos rios.

    A experiência não é obrigatória e apenas minha amiga alemã se aventurou. Eu e outras pessoas permanecemos no barco, que acompanhou os mais animados por todo o trajeto.

    Já do outro lado da praia, continuamos o percurso a pé pela praia de Goiabal e depois pelo mangue seco, sobre caminhos de madeira construídos acima do solo, ouvindo muitas e muitas histórias sobre o bioma da região, contadas pelo guia Cláudio, que é um estudioso do assunto. Ele contou também a lenda da Mulher Cheirosa, que vivia numa fazenda da região e foi traída pelo marido, morreu de tristeza e sua alma ficou vagando pelos manguezais a fim de atrair os homens com seu perfume de jasmim e suas roupas brancas esvoaçantes. Dizem que até hoje os homens da região somem na sexta e só reaparecem no domingo (risos). Apresentou-nos também os Mangueiros Apaixonados com suas raízes entrelaçadas. Reza a lenda que um casal de índios apaixonados fugiram para o mangue e se tornaram um só. Aqui vale uma paradinha para eternizar o amor com uma foto entre os mangueiros apaixonados.

    Com a maré baixa, as raízes ficam expostas
    Mulher Cheirosa
    Caminhos sobre o mangue
    Mangueiros Apaixonados

    Depois dessa caminhada e de conhecer também o habitat do molusco turu, que se cria nos troncos podres do mangue e compõe um prato típico da região, o caldo de turu, partimos para o final da aventura, cavalgando sobre búfalos por cerca de 1 km. Passeio tranquilo, recomendo.

    Passeio de búfalo
    Passarela sobre o mangue
    Passeio de búfalo

    A Fazenda São Jerônimo foi cenário de filmagem da Rede Globo para duas de suas produções no início dos anos 2000: o programa No Limite e a novela Amor eterno amor, dando mais visibilidade ao local.

    O passeio à Fazenda com todas as atrações tem o custo de R$250,00 por pessoa (setembro de 2022). Sugiro que vá com roupa de banho, bermuda ou calça, use protetor solar, chapéu e dê preferência para um calçado fechado. Desavisadamente, estávamos de chinelo.

    Praia de Pesqueiro

    Dali, partimos para a Praia de Pesqueiro, a cerca de 5 km da Fazenda. A comunidade local é muito simpática, com casas multicoloridas e leveza no ar. Na maré baixa, a praia tem uma extensa faixa de areia branca e fina, dunas e água morninha. Assim como em Barra Velha, há uma boa infraestrutura de barracas com comidas típicas, banheiro e wi-fi. Se você quer sossego, é um ótimo lugar! Aqui minha amiga alemã, a mais aventureira das três, comeu um caldo de turu, um molusco muito apreciado na região. Parece uma minhoca leitosa. Dizem que é afrodisíaca. Preferi permanecer na dúvida.

    Comunidade de Pesqueiro e suas casas coloridas
    Praia de Pesqueiro

    • Sombra e água morninha

    Fazenda Mironga

    No caminho de volta para a cidade, passamos rapidamente na Fazenda Mironga, de propriedade do senhor Tonga, que nos recebeu para contar um pouco da história da fazenda e do famoso queijo artesanal de búfala – Queijo Mironga, produzido há mais de 80 anos por sua família. É possível adquirir o queijo, que fica disponível todos os dias a partir das 13 horas para venda ao público. Para acompanhar a ordenha e a produção dos derivados do leite é preciso agendar e chegar bem cedo ao local, às 6 horas da manhã. O queijo Mironga foi o primeiro a ser regulamentado e certificado como produto artesanal do Pará. Além do queijo, a fazenda produz e/ou vende a produção de manteiga, leite e derivados de pequenos produtores locais. É possível também participar da Vivência Mironga. Trata-se de um passeio pela propriedade, com rodas de conversa sobre os projetos sócio-ambientais da fazenda e degustação de produtos. A Vivência custa 80 reais por pessoa (setembro/2022). Há sempre projetos novos sendo oferecidos, então, é bom conferir nas redes sociais e agendar.

    O Búfalo em versos
    O cliente pega e paga o produto sozinho
    Fazenda Mironga
    Laticínio

    Voltamos para a pousada e mais tarde saímos para dar uma volta pelo centro, apreciando a pracinha, a igreja e o movimento dos moradores.

    Igreja N. Sra. da Consolação

    A Igreja Nossa Senhora da Consolação foi construída em 1937 por Dom Alonso, primeiro bispo de Marajó. Ela é simples, mas muito significativa para o povo de Soure. Fazem parte da Paróquia Menino Deus o Seminário São José, o Centro Pastoral, onde são vendidos artigos religiosos e um salão. Na pracinha em frente, há um busto de Dom Alonso.

    Paróquia Menino Deus
    Fieis se preparam para o Círio de Nazaré

    Depois fomos jantar. Escolhemos o Solar do Bola, péssima opção, embora tenha sido muito bem recomendado. O local é agradável, mas a comida estava apenas razoável e o atendimento foi educado, porém, ruim: após 40 minutos de espera chegou o meu pedido e esperamos mais 20 min pelo prato pedido por minha amiga. Uma pena.

    Praia do Caju-Una e Praia do Céu

    No terceiro dia em Soure fomos à Praia do Céu, que fica a 16 km da cidade, e para chegar lá é preciso passar por uma estrada estadual que cruza a Fazenda Bom Jesus. Já dentro da fazenda, dê uma paradinha e fotografe os búfalos, as garças, as colhereiras e os guarás, que têm uma cor avermelhada belíssima por causa dos crustáceos que comem. Depois das belas paisagens, seguimos para a praia.

    Árvore morcegueira – Fazenda Bom Jesus
    Guarás colorem a paisagem na Fazenda Bom Jesus

    No caminho, conhecemos a comunidade de Caju-Una e do Céu, com suas palafitas coloridas.

    Palafitas coloridas
    Centro comunitário
    Associação de Moradores
    Povoado do Céu

    As praias de Caju-Una e do Céu são de uma beleza impressionante. Descemos do carro, fizemos algumas fotos e caminhamos por um bom trecho de areia até um restaurante, onde o David e outros turistas estavam. Passamos algumas horas ali beliscando um peixinho, tomando cerveja, relaxando na água morna e jogando conversa fora. Foi uma delícia de passeio.

    Sábado à noite era dia de Carimbó, mas minha amiga estava indisposta e decidimos ficar na pousada. O jantar estava bem saboroso. Foi uma boa ideia descansar um pouco nesse dia.

    Se tiver oportunidade, não perca a apresentação dessa dança de roda típica da região, patrimônio cultural que teve origem no século XVII. O evento é realizado na Associação de Moradores do Pacoval, um bairro da cidade, sempre aos sábados, às 19h30. Depois da apresentação, todos são convidados a dançar também.

    Mercado Municipal

    No domingo de manhã, demos uma volta pelo Mercado Municipal, onde há uma grande variedade de peixes, legumes, frutas e artesanato. Um parque ali perto garante a diversão das crianças. Ao lado do Mercado, pequenos restaurantes servem pratos regionais. A praça em frente é bem frequentada pelos moradores e por alguns búfalos mansos ficam por ali à disposição dos turistas para fotos. Curiosidade: búfalos não dão coices.

    Mercado Municipal
    Restaurante ao lado do Mercado
    Peixaria no Mercado
    Praça do Mercado

    Salvaterra – PA

    Por volta de 10h30 partimos com o David, sua filha encantadora e sua esposa, além de um casal de turistas, para Salvaterra. A balsa para travessia de carro sai do Porto da Balsa (Soure) e atravessa o Rio Paracauari até Salvaterra, onde há apenas uma rampa para embarque/desembarque. O trajeto leva 20 min. O preço varia conforme o tamanho do veículo.

    Balsa Soure/Salvaterra
    Rio Paracauari
    Travessia do Rio Paracauari – Soure/Salvaterra
    Porto Salvaterra

    Salvaterra, antes distrito de Soure, foi elevada à cidade em 1961, passando a ser conhecida como a Princesa do Marajó. Antes dos portugueses chegarem ali, era habitada por índios da etnia Sacaca ou Aruans, considerados um dos mais importantes grupos brasileiros em termos linguísticos, além de terem desenvolvido um vasto trabalho em cerâmica, técnica que se espalhou por toda a ilha.

    Por volta do século 18, Salvaterra foi colonizado pelos jesuítas na vila de Monsarás. Consta que os jesuítas gritavam “Salve, Terra” ao se encantarem pela região quando do início de sua exploração. Ainda existem ruínas da igreja que construíram na Vila de Joanes para a catequização dos indígenas. Em 1626, com a fundação de uma casa jesuíta em Belém, foi possível a expansão missionária por diversas aldeias da região Amazônica.

    Salvaterra, por séculos, foi domínio de portugueses que escravizavam indígenas e negros para trabalharem em fazendas. Mas o povo valente resistiu à dominação, organizou-se e formou comunidades quilombolas existentes até hoje no município.

    Ruínas jesuítas da Igreja de N.Sra. do Rosário, de 1716
    Igreja atual em Joanes – baía de Marajó ao fundo

    Orla da Praia Grande

    Desembarcados, seguimos com o David para o centro de Salvaterra. Demos um passeio pela orla à beira-mar da Praia Grande recém inaugurada (junho/22). Além dos 700m de extensão de calçadão com acessibilidade, há quiosques de sorvete, comidas e artesanato; parquinho infantil; espaço para eventos culturais, academia ao ar livre, pista de skate, sanitários, iluminação e um mirante com vista panorâmica de toda a orla.

    Bem-vindos a Salvaterra
    Orla de Praia Grande
    Orla para a Baía de Marajó
    Lazer garantido para a população de Salvaterra

    Praia de Joanes

    Chegamos à Praia de Joanes por volta de meio-dia e escolhemos uma mesa à sombra no Restaurante Peixaria do Jacaré, para apreciar o ambiente. A praia é bem extensa e bonita, mas naquela semana havia ocorrido um acidente que matou milhares de peixes (especialmente os chamados amuré), que apodreciam na areia rodeados de urubus a comer suas carniças. Isso deixou o ar mal cheiroso, embora a praia já estivesse quase toda limpa. Com o tempo, o cheiro melhorou, mas não ficamos lá por muito tempo.

    A Prefeitura do município de Salvaterra informou que o evento tem origem natural, sendo motivada pela brusca variação da salinidade nas áreas de encontro da água doce com a salgada durante as marés de sizígia, e “como os peixes têm seus habitats característicos, quando estão em ambientes diferentes dos quais vivem, podem não sobreviver”. (Veja reportagem no G1) As praias de Soure também foram atingidas, mas não com a gravidade das de Salvaterra.

    De volta a Soure

    Voltamos para Soure no final da tarde. Depois de descansarmos um pouco na pousada, fomos jantar na cidade. Caminhamos a procura de um restaurante e acabamos voltando ao restaurante da Pousada Ilha Bela, onde estivemos no primeiro dia.

    Na manhã seguinte, pedimos ao David para nos levar à Praia de Barra Velha novamente. Ele estranhou, pois a maré estava alta. Mas era justamente isso que queríamos: ver o contraste da praia com maré alta e com maré baixa. Ficamos encantadas e impressionadas.

    O mesmo mangueiro da foto ao lado na baixa-mar, ou maré baixa
    O mesmo mangueiro na preia-mar ou maré alta

    A aventura em Marajó chegou ao fim e voltamos para a pousada antes do meio-dia. Um micro-ônibus da empresa Edgar Turismo nos pegou às 12 horas para embarcarmos na balsa que leva a Salvaterra. De lá, seguimos no ônibus até o Porto Camará, distante uns 40 min, para pegarmos a lancha rápida até Belém, mais 1h45 de navegação.

    A Expresso Golfinho também tem lancha rápida saindo de Soure para Belém, mas sai às 5h30. Preferimos voltar mais tarde e aproveitar a manhã na praia.

    Porto Camará – Salvaterra
    De volta a Belém

    A viagem continua em Belém. (post em construção).

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    1. Sarita disse:

      Sou uma das amigas dessa aventura única e fantástica que neste blog foi descrita por minha amiga com riqueza de detalhes. Foram dias inesquecíveis!!!

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