Há dez anos surgia a inspiração para a criação do blog Brasília na Trilha. A ideia nasceu quando estávamos a caminho de Diamantina – MG, para uma aventura em veículo 4×4, com minha esposa e nossos filhos, além de outros amigos também em carros 4×4. Pensamos em registrar esta e outras viagens off-road que pretendíamos fazer dali para frente e criamos o nome, que tinha tudo a ver com a ideia. Mas logo percebemos que não seria possível viajarmos tanto assim e resolvemos registrar todo tipo de passeio em qualquer meio de transporte, pois o que vale é compartilhar com o leitor a alegria de conhecer outras paisagens, pessoas e culturas.
Durante a pandemia, quando as viagens ficaram escassas, começamos a migrar o blog de plataforma, pois a antiga já não atendia mais. Lentamente, estamos trazendo para a nova plataforma um pouco das viagens antigas e acrescentando outras mais recentes. Infelizmente, muitas viagens anteriores ao blog ficaram registradas apenas em nossa lembrança.
Agora, para celebrarmos os dez anos do Brasília na Trilha, nada mais propício que trazer para os leitores a viagem que originou a vontade de compartilhar nossas experiências.
Diamantina foi, assim, nosso primeiro post no Brasília na Trilha. Esperamos que gostem. Boa leitura. Boa viagem!
Saímos de Brasília no dia 30 de abril de 2014, uma quarta-feira, às 17h15, com destino a Diamantina. A viagem foi organizada e conduzida pelo Elson, do Fora da Cidade Expedições & Turismo, que promovia viagens em grupo em veículos 4×4.
Formamos um pequeno comboio de 3 veículos 4×4, com 9 pessoas, e pegamos a BR 040 até Paracatu. Saímos de Brasília passando por Unaí, caminho 20 km mais longo, porém com menos movimento. Depois de rodarmos 370 km, paramos em João Pinheiro para dormir no Hotel Lícia, que fica na beira da estrada: simples, limpo, com boa cama e bom café da manhã.
No dia seguinte bem cedo, continuamos em direção a Diamantina (400 km).
Hospedamo-nos em Biribiri, uma pequena vila a 12 km de Diamantina, por estrada de terra, que faz parte do Parque Estadual do Biribiri. A vila é o que restou da pequena comunidade que vivia no local em função de uma indústria têxtil do final do século XIX que funcionava ali. Com o fechamento da fábrica, poucos moradores permaneceram na região; com o tempo, algumas casas foram sendo vendidas para pessoas que passam ali apenas o final de semana, o que faz de Biribiri uma comunidade sossegada e aconchegante, ideal para descansar.
Chegamos por volta de meio-dia na Pousada Vila do Biribiri, onde já nos aguardavam. Os apartamentos são confortáveis e servem um bom café da manhã (ressalva para o chuveiro fraquinho e frio – isso há dez anos). A pousada também oferece apartamentos para 3 e 4 pessoas.
Na época, havia apenas dois restaurantes em Biribiri, o do “Adilson” e o do “Raimundo Sem Braço”, onde almoçamos. A deliciosa comida mineira feita no fogão à lenha é servida no restaurante e embaixo das sombras das árvores, tendo a Serra do Espinhaço ao fundo como testemunha de um dos 7 pecados capitais: a gula. Os pratos servem fartamente de 3 a 6 pessoas e são irresistíveis (assista à reportagem do site “Trilhas do Sabor” sobre o Bar do Raimundo).
Depois do almoço, fomos para Diamantina, onde visitamos a Catedral Metropolitana de Santo Antônio. A atual matriz de Diamantina foi construída entre 1933 e 1940, em substituição à antiga igreja de Santo Antônio do Tejuco. Os destaques ficam por conta dos altares laterais, que remetem ao estilo barroco.
Visitamos também a Casa da Glória, um dos cartões-postais de Diamantina, cuja construção do século 18 traz dois sobrados interligados por um passadiço sobre a rua.
Passamos pela igreja de São Francisco de Assis (que estava fechada) e pela famosa Rua da Quitanda, onde é realizado, em alguns sábados, o concerto chamado Vesperata, que reúne uma multidão na rua para assistir aos músicos que se instalam nas sacadas dos sobrados coloniais e tocam valsas, boleros, sambas e MPB, regidos pelo maestro que fica sobre um tablado no meio da rua. O evento foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.
Retornamos a Biribiri e fomos ao bar do Adilson (éramos os únicos no bar), colocamos uma mesa no meio do gramado e curtimos uma noite estrelada.
No dia seguinte, sexta-feira, saímos cedo em direção à Gruta do Salitre, a 26 km de Biribiri por estrada de terra. Fomos recepcionados e guiados pelo Alex, doutor em biologia, membro da ONG Biotrópicos, profundo conhecedor da gruta e apaixonado por Diamantina.
Aprendemos muitas coisas nesta visita, além de curtir o visual do local. Dentre elas, que a Serra do Espinhaço, presente em Diamantina, é considerada a única cordilheira do Brasil. Há mais de um bilhão de anos em constante movimento, é uma cadeia de montanhas bastante longa e estreita, entrecortada por picos e vales em paisagens de grande beleza. Tem cerca de mil quilômetros de extensão, estendendo-se do Quadrilátero Ferrífero ao norte de Minas e, depois de uma breve interrupção, alcançando a região da Chapada Diamantina, na Bahia. A cadeia do Espinhaço é responsável pela divisão entre as redes de drenagem do Rio São Francisco e dos rios que correm diretamente para o Oceano Atlântico, como os rios Doce e Jequitinhonha. Diversos rios da região Sudeste têm suas nascentes no Espinhaço. Associadas a isso, separa os biomas da Mata Atlântica, a leste, e do Cerrado, a oeste. A infraestrutura na gruta é precária (sem banheiro ou local para comprar água e comida). Nossa expedição, muito bem organizada, levou lanche para todos.
Continuamos a viagem em estrada de terra, curtindo lindas paisagens. Passamos por Curralinho, pequeno distrito de Diamantina a 1 km da Gruta do Salitre, com aproximadamente 200 habitantes. Um lugarejo de calmaria invejável. A topografia típica dessa região do Vale do Jequitinhonha é cercada pelo cerrado, muitas nascentes e majestosas montanhas de pedra. A primeira versão da novela Irmãos Coragem, da Rede Globo, foi gravada em Curralinho, e o distrito ainda guarda em sua paisagem a prefeitura municipal de Coroado, sobrado cenográfico que hoje abriga a biblioteca comunitária e um centro cultural.
Continuando a expedição em direção ao parque do Rio Preto, 42 km, passamos pela ponte do Acaba Mundo.
Da ponte do Acaba Mundo até o Parque do Rio Preto pegamos alguns caminhos que não identifiquei no mapa.
Continuamos em direção ao Parque do Rio Preto por trilha 4×4 com belíssimas paisagens. Acessamos o parque pelos fundos, onde não tem nenhuma infraestrutura, somente o visual para curtir.
Depois do parque, iniciamos o retorno de 14 Km, parando em uma prainha para nos refrescarmos na água gelada do rio.
Depois de passar o dia todo na estrada de terra e de tomar um banho de rio, a fome começou a apertar, mesmo depois de comermos os lanches caprichosamente preparados pelo Elson. Então, seguimos por mais 29 km em direção à Pousada Estância do Salitre para almoçarmos (na realidade jantarmos, pois já passava das 18h). A Estância está a 10 km de Diamantina e tem uma ótima infraestrutura (pode almoçar ou só para passar o dia). O local tem piscina aquecida, sauna, tirolesa e um belo visual, além da cordialidade no atendimento. Comemos uma excelente comida mineira.
Retornamos para Biribiri (25 km). Chegamos às 21 horas bem cansados, tomamos um banho e desmontamos, o dia seguinte seria ainda mais intenso.
No sábado, saímos bem cedo, passamos em frente à Gruta do Salitre, mas logo em seguida pegamos um caminho diferente pela Estrada Real. Passamos por Vau, um pequeno vilarejo onde paramos para comer um gostoso pastel do tipo rissole e comprar rosquinhas, no centro para turistas construído ali pelo Governo do Estado de Minas. No vilarejo, andamos uns 300 metros e curtimos o visual de uma passarela de pedestres sobre o Jequitinhonha. Continuamos com belas paisagens e pontes com destino a São Gonçalo do Rio das Pedras (33 km de Diamantina), mais um vilarejo pitoresco.
De São Gonçalo, seguimos para Milho Verde (8 km de São Gonçalo).
Saindo de Milho Verde fomos para a cachoeira do Tempo Perdido, em Capivari (15 km de Milho Verde).
Antes de pegarmos a trilha para a cachoeira, encomendamos um almoço em Capivari. Seguimos 5 km até o estacionamento, que é pago, assim como o acesso à cachoeira. Pegamos uma trilha a pé de 1,5 Km (grau de dificuldade leve para médio), cercada de sempre-vivas.
Almoçamos uma galinha caipira e depois pegamos mais um pequeno trecho de terra saindo de Capivari mas, como não somos de ferro, o retorno para Diamantina foi pelo asfalto (mais ou menos 100 km).
Chegamos a Biribiri por volta das 19 horas, mas o dia ainda não havia acabado. Tomamos um banho e fomos assistir à famosa Vesperata de Diamantina, que começava às 21 horas. Percorremos uma vez mais os 12 km de Biribiri até Diamantina para presenciarmos um concerto emocionante. O Elson já tinha feito para o grupo uma reserva em um bar na mesma rua, que foi uma ótima opção. Quando os músicos começaram a tocar, saímos do bar para assistir ao espetáculo, sensacional. Retornamos para Biribiri já era quase a meia-noite.
Sugestão: como o evento é muito concorrido, o ideal é reservar com antecedência uma mesa na rua, pertencente a um dos restaurantes locais.
Levantamos bem cedo no domingo para seguirmos viagem. E vocês estavam achando que íamos pegar a estrada de volta para Brasília? Nada disso! Partimos para a última aventura: conhecer o Cânion do Funil, em Presidente Kubitschek (55 km de asfalto e 16 de terra). Fomos com o guia Fábio, filho do dono das terras onde está localizado o Cânion. A entrada é paga. Fizemos uma pequena trilha de 800 metros e voltamos passando pela areia, pedras e águas do rio. O local é muito bonito, mas tínhamos pouco tempo para curtir.
Saímos um pouco depois do meio-dia do Cânion e pegamos 750 km de estrada asfaltada até Brasília, chegando em casa às 21h30. Cansados de corpo, mas descansados de cabeça e alma. Até a próxima!
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