Pirenópolis é uma cidade histórica com arquitetura colonial, das mais antigas do estado de Goiás, fundada na primeira metade do século XVIII por mineradores. Está localizada a 150 km de Brasília, sendo um dos destinos turísticos mais procurados pelos brasilienses.
Pirenópolis significa cidade dos pireneus, oriundo da Serra dos Pireneus que circunda a cidade. Por sua vez, a origem do nome da Serra é atribuída aos imigrantes espanhois, que encontraram semelhança com a cadeia de montanhas dos Pireneus localizada entre a Espanha e a França, separando a Península Ibérica do restante da Europa.
Podemos dividir os atrativos da cidade em duas partes: a cidade história e as belezas naturais, como as cachoeiras e trilhas.
A última vez que estivemos lá foi no início de 2019, ou seja, estou publicando com atraso de dois anos.
Vou descrever apenas os pontos turísticos da cidade, pois há muito não frequento as cachoeiras da região: Igreja do Carmo, Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Ponte do Carmo, Ponte Pênsil Dona Benta, Rua Aurora, Rua Direita, Rua do Rosário, Rua do Bonfim, Pizzaria Trapiche Benedictus, Feira de Artesanato, Mercado Municipal, Cine Pireneus, sorveterias, lojas, restaurantes e as belas casas.
Mais informações podem ser obtidas na Central de Atendimento ao Turista – CAT, na Rua do Bonfim. Informe-se também sobre dias e horários de funcionamento, pois mudam conforme a época do ano, especialmente com as restrições impostas pela pandemia a partir de 2020. Informações sobre as igrejas da cidade podem ser obtidas pelo telefone (62) 3331-1012.
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário
A igreja foi originalmente construída entre 1728 e 1732, pela Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento e dedicada à Nossa Senhora do Rosário, padroeira da cidade, cuja imagem veio para Pirenópolis em 1727.
Seu interior tem pouca ornamentação, bastante madeira no piso, teto e altar.
A igreja foi construída de forma que a qualquer hora do dia o sol ilumine sua fachada. Ela tem estilo colonial, com alicerces de pedra e paredes de taipa de pilão (barro socado). Apenas as paredes mais altas das torres são feitas de adobe (tijolo cozido ao sol). Na parte frontal, a taipa é reforçada por uma estrutura de aroeira, tanto externa quanto internamente.
Na visita à igreja é possível subir até a torre sineira, que não é alta, mas oferece uma vista parcial da cidade e também da serra.
A Igreja passou por muitas obras de recuperação e restauração ao longo de sua existência, entretanto, a maior delas foi em decorrência do grande incêndio ocorrido no dia 5 de setembro de 2002, que consumiu o telhado e todo o seu interior. No mesmo ano, iniciaram-se as obras emergenciais para que as paredes não caíssem. Já sua reconstrução teve início em 2003 e terminou em 2006.
O acesso à igreja para visitação é pago – um preço simbólico.
O templo é bem parecido com a Igreja Matriz, porém, em tamanho reduzido. A fachada tem duas portas a mais, ladeando a porta principal. Ele foi construído aproximadamente 30 anos depois da Matriz, entre 1750 e 1754. É a igreja que mais mantém a originalidade em Pirenópolis.
No seu interior destacam-se: três belos altares em talha, sendo dois laterais (um com a imagem de Santa Luzia e outro com a imagem de Santa Bárbara), e o altar-mor, com a imagem do Senhor do Bonfim; além do púlpito na parede lateral.
A imagem de Nosso Senhor do Bonfim veio de Salvador para Pirenópolis, em um comboio de 264 escravos.
A Igreja está localizada no alto da Rua do Bonfim com a Rua Aurora. Para visitá-la é cobrado um valor simbólico à entrada.
Rua Aurora
É uma das ruas mais charmosas da cidade. Começa na Praça Coronel Chico de Sá, onde é realizada a Feira do Coreto (artesanato), e vai até a Praça Senhor do Bonfim, onde está a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. Um trajeto de apenas 550 metros.
É muito agradável fazer uma caminhada por essa rua e apreciar o conjunto harmonioso formado por palmeiras imperiais, árvores frondosas, calçadas largas, gramados, calçamento de pedras e casario colonial. Tudo bem preservado, restaurado e colorido.
Além de sua beleza, há ainda na Rua Aurora algumas opções de restaurantes, cafés, cervejarias e pousadas. Há muitos anos nos hospedamos em duas delas em ocasiões diferentes: Pousada Casa Grande e Quinta de Santa Bárbara (esta última não existe mais). Desta vez também ficamos hospedados nesta rua, porém, alugamos a casa de uma amiga – espetacular! Confira no Instagram @umacasacomhistoria
Estivemos em Pirenópolis logo depois do ano novo e a cidade estava bem iluminada. A Rua Aurora era o destaque.
Ponte do Carmo
Um dos cartões postais de Pirenópolis é a Ponte do Carmo, sobre o Rio das Almas. Construída em madeira, pintada de branco e vermelho, serve a pedestres e carros.
A ponte foi originalmente construída toda em madeira entre 1899 e 1903. Em 1946, foi reconstruída no mesmo estilo da anterior, porém, com os pilares de cimento. Em 1984, a ponte foi praticamente reconstruída, depois de ser destruída pelo rio após uma grande enchente. Passou ainda por outras reformas em 2001 e em 2018.
O Rio das Almas, neste trecho da ponte, é bonito e calmo. Muitas pessoas aproveitam para se refrescar ali. Pesquisei sobre as condições da água e não encontrei nada confiável, mas uma coisa é certa, com tantas cachoeiras na região eu não me arriscaria a entrar na água por ali, infelizmente.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Foi construída entre os anos de 1750 e 1754, pelo minerador Luciano Nunes Teixeira e seu genro, Antônio Rodrigues Frota, para servir como capela particular.
A Igreja passou por muitas transformações ao longo do tempo. Em 1868, foram feitas alterações deixando-a com aparência semelhante à atual; em 1935, a fachada foi reformada em estílo art-decó; e em 1976, voltou a ter o estilo colonial. Seu interior tem estilo barroco-rococó.
Em 2009 foi inaugurado, junto à igreja, o Museu de Arte Sacra, onde encontram-se sinos, altares, os túmulos dos construtores e imagens de Nossa Senhora do Carmo, além de imagens de igrejas extintas da cidade.
O acesso à Igreja e ao Museu, para visitação é pago – preço simbólico. Mais informações desta e de outras igrejas podem ser obtidas pelo telefone (62) 3331-1012.
Ponte Pênsil Dona Benta
Saindo da Igreja de Carmo, se estiver a pé, não deixe de passar pela Ponte Pênsil. Ela está a poucos metros dali, em uma região bem agradável junto à natureza. Um pouco à frente da Igreja tem uma grande área gramada ao lado do Rio das Almas. Dali já é possível avistar a Ponte Pênsil Dona Benta.
Atravesse a ponte e siga mais um pouco até a Galeria Vila dos Mouros, um espaço alternativo, com uma bonita vista do caminho percorrido até ali. Na Galeria você vai encontrar a Hamburgueria Garagem Comedoria – com decoração vintage; o Sertão Veredas (avaliação Tripadvisor)- Café e Turismo; a Cervejaria Artesanal Êiou (avaliação Tripadvisor); e no final da Galeria, a loja Recanto do Bidoro, onde poderá comprar vinho ou cachaça. Só entramos nestes estabelecimentos para conhecer. Achamos o local muito agradável. Na pandemia, é bom verificar se estão abertos.
Se você chegou aqui pela Ponte Pênsil Dona Benta, pode sair da Galeria pela Rua do Rosário. Se veio por esta rua, faça o caminho contrário e siga até a Igreja Nossa Senhora do Carmo.
Rua do Rosário
Pirenópolis tem muitas ruas e vielas para conhecer, mas poderia dizer que, obrigatoriamente, quem vai à cidade, passará pelo menos uma vez na Rua do Rosário.
Ela começa na Praça Coronel Chico de Sá, onde é realizada a Feira de Artesanato do Coreto, e vai até a Praça da Matriz.
O início da Rua é fechado para veículos e é onde está a maior concentração de bares e restaurantes da cidade. Costuma ficar bem movimentada.
No segundo trecho da Rua do Rosário encontram-se muitas lojas de artesanato, de joias em prata e bijuterias, lojas de bebidas, a Galeria dos Mouros (que citei acima), lanchonetes e sorveterias. Aqui merece um comentário sobre a Sorveteria Frutos de Goiás – picolés e sorvetes deliciosos feitos com frutas do cerrado como cajá-manga, amora, graviola, umbu, siriguela, cajuzinho, cagaita. Fica na Galeria Rosário, também tem uma loja na Rua do Bonfim.
A Rua do Rosário termina na Praça da Igreja Matriz. É uma Rua relativamente curta, apenas 350 metros.
Aproveitando que chegamos à Matriz, não posso deixar de comentar sobre a Rua Direita e a Rua do Bonfim, ambas começam na Matriz, só que em direção oposta.
Rua do Bonfim
É a rua que liga a Igreja Matriz à Igreja do Senhor do Bonfim.
Logo no começo da rua, em frente à Igreja Matriz, há duas casas que merecem ser admiradas e fotografadas.
Também é uma rua bem movimentada, com lojas de roupas e de artesanatos, restaurantes e bares, o CAT (Informações Turísticas), o IPHAN, muitas edificações bem preservadas, mais uma sorveteria do Frutos de Goiás, enfim, também vale a pena conhecê-la.
Esta rua é um pouco mais longa , 1 km, bem tranquila para caminhar.
Rua Direita
É uma rua de apenas 1 km também, que começa na Praça da Igreja Matriz e termina no entroncamento do Aeroporto/Goianésia/Rota das Cachoeiras (Rosário, Paraíso e Dragões). O trecho que gosto desta rua são os primeiros 600 metros, até a altura da Pousada Casarão Villa do Império.
Diferente das demais ruas estreitas e calçadas com pedras, esta começa com um calçamento de bloquetes e é um pouco mais larga (é estreita apenas no início). Mais à frente, o calçamento passa a ser de pedra também.
A Rua Direita é mais residencial. Há algumas pousadas e escritórios, praticamente sem comércio. Então o que ela tem de especial? O casario colonial preservado, o Cine Pireneus – em estilo art déco, contrastando com o estilo colonial das casas (não consegui descobrir se ainda funciona) e o Museu da Cavalhada, que tem em seu acervo objetos, documentos, reportagens e vários elementos ligados às Cavalhadas de Pirenópolis – uma importante manifestação folclórica da cidade.
Retorne pela rua paralela à Rua Direita. Na Pousada Casarão, vire à esquerda e, depois, à esquerda novamente na Travessa Santa Cruz. Na altura do Monumento à Santa Cruz, a rua muda de nome e passa a ser Rua Nova. Saia novamente próximo da Matriz. Veja abaixo o mapa com este percurso de 1,2 km.
Praça Coronel Chico de Sá
A Praça destaca-se como ponto de referência entre as ruas Aurora e do Rosário; e está próxima à Ponte do Carmo. É aqui também que é realizada a Feira de Artesanato do Coreto. Por este motivo, acho que merecia um pouco mais de atenção da prefeitura e do comércio local, caprichando em melhorias como o plantio de grama e flores, a pintura do Coreto e do meio-fio, além da limpeza.
No local onde está o Coreto havia a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída em 1747 e frequentada somente pelos escravos. Era considerada a mais ornamentada das igrejas, com sete altares. Foi demolida por volta de 1940.
Mercado Municipal
O edifício do antigo Mercado Municipal está localizado a poucos metros da Ponte Pênsil, na Rua Beira Rio, a um quarteirão da Matriz (virando no Beco João Basílio). A Prefeitura de Pirenópolis fez uma grande restauração no antigo Mercado Municipal, seguindo as normas do IPHAN. Mas agora suas instalações passam a abrigar a sede da centenária Banda Phoenix e da escola de música da banda, servindo como espaço para ensaios e reuniões.
Onde Comer
No início desta postagem disse que Pirenópolis pode ser dividida em duas atrações: a cidade histórica e as belezas naturais, mas vou acrescentar mais algumas: a gastronomia, o artesanato e as festas religiosas.
Em nossos roteiros não é muito comum incluirmos a gastronomia como item relevante, porque procuramos comer bem, mas em restaurantes com bom custo-benefício, não necessariamente em locais badalados. Entretanto, Pirenópolis oferece um bom tour gastronômico, para todos os gostos e bolsos. De comida internacional à comidinha caseira. Muitos restaurantes, inclusive dois de que gostávamos, fecharam na pandemia.
De qualquer forma vou deixar aqui uma dica de restaurante muito agradável e com pizzas de excelente qualidade, a Pizzaria Trapiche Benedictus.
É uma ótima pizzaria, com ambiente rústico, pizza feita no forno à lenha, preço compatível, bom atendimento e um pouco afastado da região central, o que para mim é muito bom. A avaliação no Tripadvisor é excelente.
Está localizada no final da Avenida Prefeito Luís Gonzaga e início da Avenida Meia Lua, a apenas 1 km da Igreja do Senhor do Bonfim. Abre somente no período da noite e nos fins de semana.
Considerações finais sobre Pirenópolis
Para quem mora em Brasília, Goiânia e região, pela proximidade, é um lugar excelente para passar uns dias. Quem mora mais distante e tiver oportunidade de incluir a cidade no roteiro quando vier ao Centro-Oeste, não vai se arrepender.
Mas nem tudo são flores, eu acho que os preços praticados em Pirenópolis, principalmente hospedagem e ingresso das cachoeiras, passam muito do razoável. Acredito que a proximidade de Brasília é responsável pelos preços serem tão altos. Outro motivo é a lei da oferta e da procura – cidade lotada, preços nas alturas.
Uma outra questão, e isto talvez seja também uma justificativa para os preços, é que muita coisa só funciona nos finais de semana ou feriados e férias. Se optar por passar o início de semana na cidade, pode encontrar tudo fechado ou funcionando precariamente. Talvez nem consiga ir a uma cachoeira. Melhor conferir antes.
Espero que a pandemia acabe logo para que eu volte a Pirenópolis para visitar as cachoeiras e reservas ecológicas, onde já estive há muito tempo. Quero me atualizar e postar aqui muitas dicas para você.
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